Em tempos de popularização do uso de inteligência artificial como assistentes de produção no marketing, as empresas que conseguirem gerar conexões reais sairão na frente em 2026. Um relatório da WGSN mostrou que as empresas que conseguirem gerar conexões humanas reais, não somente informacionais, estarão mais bem posicionadas diante do novo consumidor emocionalmente consciente e tecnologicamente saturado.
O avanço da inteligência artificial na criação de narrativas comerciais inaugurou fase no marketing e trouxe o desafio de reumanizar a experiência de marca, fazendo com que os profissionais da área precisem ser claros nas intenções comunicacionais e dobrem a aposta no poder das emoções. O conceito se aproxima do que Philip Kotler, em Marketing 5.0, define como “a união entre tecnologia e humanidade para gerar valor significativo”. Em outras palavras, quanto mais o digital avança, mais as marcas precisam investir no que há de mais analógico: as emoções humanas.
Nos próximos anos, a diferenciação entre marcas não virá da estética, mas da capacidade de criar vínculos simbólicos e experiências autênticas. A pesquisa da EY (2024) confirma esse movimento: 57% dos consumidores em 30 países afirmam querer ver, tocar e sentir os produtos antes de adquiri-los, destacando a relevância do marketing sensorial como ferramenta estratégica.
Além disso, será necessário despertar as emoções do público por meio de ativações com um viés emocional. Previsões apontam que o marketing sensorial deve ganhar espaço nos próximos 25 anos (Saïd Business School / Universidade de Oxford). De fato, ao experimentar algo novo, 82% dos consumidores globais esperam que o maior número possível de sentidos seja acionado (VML). Esse dado revela uma transição do consumo funcional para o experiencial, indicando que o valor percebido do produto passa a depender da capacidade da marca de engajar múltiplos sentidos.
O tema, de certa forma, não é novo para os profissionais do marketing. Há alguns anos já conversamos com os nossos clientes sobre a importância de gerar conexões, de fazer com que o consumir se sinta parte integrante da empresa e dos processos, mas, em 2026, isso estará ainda mais latente.
Agora, resta a dúvida, se a pauta está em tornar as experiências mais reais, como os influenciadores podem se encaixar na nova tendência? Na lógica das “experiências reais”, os influenciadores deixam de ser vetores de visibilidade para se tornarem mediadores de confiança e emoção.
A máxima “pessoas compram de pessoas” adquire novo significado porque:
- O consumidor busca conexões genuínas, não somente recomendações.
- A autenticidade passa a ser um critério de conversão.
- As audiências preferem vozes que expressam vulnerabilidade, senso de propósito e coerência ética.
Assim, o influenciador não é mais o rosto de uma marca: ele é o elo emocional entre narrativa e experiência. Hoje, o desafio para as marcas é como aderir à tendência de usar IAs como influenciadores e, ao mesmo tempo, gerar conexão com os usuários. Para isso, duas linhas de atuação podem ser adotadas:
- Influenciadores humanos autênticos, valorizados por sua capacidade de oferecer experiências “reais”, improvisadas, emocionais e imprevisíveis.
- Influenciadores híbridos (humanos + IA), que exploram a estética do artifício, mas com narrativas emocionais bem estruturadas.
O futuro aponta para uma convivência desses dois polos, refletindo o conceito de “narrativas duplas” descrito pela WGSN: uma camada “suave” (humana, sensorial, empática) e outra “caótica” (digital, hiperconectada, algorítmica).
A autenticidade será a nova métrica de valor, e o público seguirá quem emociona, não quem anuncia. Portanto, em 2026, o marketing será tanto um exercício de tecnologia quanto de sensibilidade humana. A capacidade das marcas de equilibrar o emocional e o algorítmico determinará a conversão e a relevância cultural no novo ecossistema de consumo.
resumo
O estudo identificou seis estratégias centrais que orientarão o setor de marketing em 2026:
- Marketing multicamada: integre produtos, valores e mensagens em diversos canais para criar conexões duradouras com o consumidor.
- Direcionamento interseccional:use esta estrutura de marketing para identificar os fatores psicológicos e sociais que afetam as decisões de compra do consumidor.
- Narrativas duplas: implemente uma abordagem dupla na hora de contar histórias, equilibrando narrativas ora suaves, ora mais caóticas.
- Novos sistemas de valores: adote a empatia para se comunicar com um público mais consciente da dinâmica de classes e da igualdade social.
- Momentos emocionais: explore o poder das emoções para se conectar com um consumidor que busca otimismo em meio aos desafios da sociedade.
- Criatividade intencional: a intencionalidade será essencial em 2026. Por isso, invista em estratégias autênticas, priorizando a qualidade em vez da quantidade.
