Um estudo conduzido pela Microsoft no Canadá revelou um dado surpreendente sobre a atenção dos seres humanos na era digital: em média, uma pessoa consegue manter o foco por apenas oito segundos — menos do que os nove segundos atribuídos a um peixinho dourado. A pesquisa, divulgada em 2015, acende um alerta sobre os impactos do uso intensivo de tecnologias, especialmente smartphones e outros dispositivos conectados, na cognição humana.
O levantamento, que envolveu 2 mil canadenses e medições cerebrais em laboratório com 112 voluntários, apontou que a capacidade de manter a atenção plena tem diminuído progressivamente com o avanço da era digital. Os dados indicam que o tempo médio de concentração caiu de 12 segundos, em 2000, para oito segundos em 2013. Segundo os pesquisadores, a constante exposição a conteúdos rápidos, notificações e estímulos visuais estaria moldando o cérebro humano, tornando-o mais adaptado à velocidade e à fragmentação, mas menos propenso à contemplação e ao foco contínuo.
O relatório destaca que, embora os consumidores de hoje apresentem habilidades mais rápidas para processar informações e alternar entre tarefas, perdem a capacidade de se concentrar profundamente em uma única atividade. Isso pode afetar desde a leitura de textos longos até a tomada de decisões mais complexas.
A pesquisa sugere, ainda, que a dependência de múltiplas telas e o consumo acelerado de informações estão contribuindo para uma mudança comportamental significativa, principalmente entre os mais jovens. Os autores apontam que a tecnologia, ao mesmo tempo que amplia o acesso ao conhecimento, pode comprometer a profundidade com que esse conhecimento é absorvido.
O estudo da Microsoft não busca demonizar o avanço tecnológico, mas propõe uma reflexão sobre o uso consciente das ferramentas digitais e a necessidade de encontrar equilíbrio entre conectividade e atenção plena. Entre as recomendações dos pesquisadores, estão práticas como pausas programadas, redução do uso de dispositivos em momentos de descanso e incentivo à leitura prolongada como forma de preservar a capacidade de concentração.
