Se me perguntarem qual é a importância dos dados para a comunicação, eu não hesito em afirmar que eles representam 70% do sucesso de qualquer projeto. Os outros 30% se distribuem entre inspiração, esforço e resiliência, elementos humanos que nenhuma plataforma, dashboard ou inteligência artificial consegue substituir.
O fato é que trabalhar com comunicação em tempos de relações tão desgastadas é, por si só, um grande desafio. A velocidade com que as narrativas mudam, o excesso de estímulos e a saturação de mensagens criam um ambiente onde a atenção é um recurso raro e precioso. Some a isso que, em muitos mercados, nossa profissão ainda é vista como facilmente substituível, quase descartável. É justamente nesse cenário que a decisão estratégica passa a valer ouro, e decisões estratégicas não nascem de achismos.
É aqui que a mentalidade data-based deixa de ser uma tendência e se torna uma competência essencial. Essa correlação é simples e já vem sendo validada pela ciência. O relatório “25 Business & Workplace Communication Statistics ” da Simon & Simon, destacou que 70% das equipes seriam mais produtivas com comunicação efetiva otimizada por dados/processos.
Outras pesquisas em gerenciamento de projetos e comunicação interna mostram que 64% dos líderes atribuem o aumento de produtividade à comunicação efetiva. Mas a comunicação não pode estar 100% baseada em dados, ela precisa de inspiração. Um relatório da McKinsey indicou que cerca de 70% dos projetos de transformação digital falham porque as organizações ignoram o elemento humano.
Dados são bússolas. Eles apontam onde estamos, indicam riscos, confirmam oportunidades e, principalmente, ajudam a eliminar o ruído que nos cerca. Um relatório bem interpretado revela padrões escondidos, mostra o que funciona, expõe o que precisa mudar e, o mais importante: permite que cada ação seja desenhada com propósito, eficiência e precisão. Em outras palavras, orienta o caminho certo, aquele que reduz desperdício, antecipa crise e potencializa resultado.
Mas seria ingênuo afirmar que dados bastam. Comunicação não é matemática pura. É intuição, sensibilidade, repertório. A inspiração que leva à ideia certa; o esforço que garante que a execução saia do papel; a resiliência que sustenta o trabalho quando a curva aperta. Você me pergunta: mas se a grande parte está no raciocínio lógico, por que a intuição é importante?
A resposta é simples, somos humanos e, portanto, a nossa conversa não pode ser mecanizada. O outro precisa identificar um corpo por trás das ações e não somente o número. Esses 30% são o que dá sentido ao trabalho, pois decidem o tom, a alma e o impacto de uma estratégia.
No fim, comunicar é equilibrar ciência e arte. É usar dados como alicerce e humanidade como diferencial. É transformar análises em narrativas, números em decisões, insights em conexões reais. A verdadeira força da comunicação contemporânea está justamente nessa interseção: quando dados orientam, e quando nós, profissionais, damos sentido a eles.
